Startup do Porto capta 11 milhões para lançar barcos elétricos que ‘voam’ sobre a água
A MobyFly, startup incubada na Universidade do Porto e fundada pelo português Ricardo Bencatel em parceria com dois suíços, conseguiu captar 11 milhões de euros numa ronda de investimento que pode mudar o rumo da mobilidade marítima. A empresa está a desenvolver barcos elétricos inovadores, equipados com tecnologia hydrofoil, que lhes permite literalmente “voar” sobre a água, reduzindo o atrito e aumentando a eficiência.
Como funcionam os barcos que voam
A tecnologia não é totalmente nova, mas a aplicação em larga escala para barcos elétricos é pioneira. Os hydrofoils funcionam como asas submersas que elevam o casco do barco à medida que a velocidade aumenta. Com isso:
O consumo de energia cai até 80% em comparação com barcos a diesel.
Os custos operacionais podem ser reduzidos em 60%.
O conforto aumenta, já que o barco “paira” sobre as ondas, diminuindo o impacto das marés.
A promessa é combinar alta velocidade, sustentabilidade e baixo custo de manutenção, tornando-se uma alternativa real para transporte público em cidades costeiras e regiões fluviais.
Um mercado bilionário à vista
Segundo relatórios internacionais, o setor de barcos elétricos pode ultrapassar 20 mil milhões de euros até 2030, impulsionado pela pressão regulatória para reduzir emissões de CO₂ no transporte marítimo, hoje responsável por cerca de 3% da poluição global.
Empresas na Noruega, Suíça e Estados Unidos já testam embarcações semelhantes, mas a MobyFly posiciona-se como uma das principais candidatas a liderar a corrida tecnológica na Europa, aproveitando o know-how científico do Porto e o mercado de capitais suíço.
O papel do Porto como polo tecnológico
A ronda de 11 milhões não é apenas uma vitória para a MobyFly, mas também um sinal de que o Porto está a consolidar-se como hub de inovação e empreendedorismo tecnológico. A Universidade do Porto, através das suas incubadoras, tem apoiado projetos disruptivos que unem ciência, sustentabilidade e negócios globais.
“Queremos transformar o transporte aquático com soluções sustentáveis, acessíveis e tecnologicamente avançadas. O objetivo é provar que é possível navegar sem poluir e reduzir custos ao mesmo tempo”, destacou Ricardo Bencatel, CEO da MobyFly.

O futuro da mobilidade sobre a água
Com o financiamento em mãos, a startup planeia:
Ampliar a equipa de engenharia no Porto e na Suíça.
Realizar testes de protótipos em diferentes condições marítimas.
Firmar parcerias com governos e operadores de transporte público.
Se tudo correr conforme previsto, as primeiras embarcações comerciais poderão estar a navegar ainda nesta década, tornando realidade um cenário até agora associado à ficção científica: barcos elétricos que voam sobre os rios e mares.