Talibã aposta no turismo como fonte de renda e enfrenta dilema ético internacional

Sep 21, 2025By Gilson Pimentel
Gilson Pimentel

O regime do Talibã anunciou que pretende transformar o turismo em uma das principais fontes de receita do Afeganistão. A estratégia busca não apenas gerar divisas para a economia local, mas também melhorar a imagem internacional do país, marcada por décadas de conflitos e denúncias de violações de direitos humanos.


Entre os destinos promovidos pelo governo estão as paisagens montanhosas, cidades históricas e o vale de Bamiyan, onde ficavam os famosos Budas gigantes destruídos pelo próprio Talibã em 2001 — um dos símbolos mais lembrados da intolerância cultural do regime.

No entanto, a iniciativa levanta questionamentos. Organizações de direitos humanos alertam que visitar o Afeganistão sob administração talibã pode ser interpretado como uma forma de legitimar um governo que impõe severas restrições à população, sobretudo às mulheres, proibidas de estudar, trabalhar em vários setores e até de circular livremente em espaços públicos sem acompanhante masculino.

Successful silhouette man winner waving Afganistan flag on top of the mountain peak


Apesar do apelo turístico, o dilema ético permanece: explorar a hospitalidade de um país com vasto patrimônio cultural e natural ou boicotar o destino em solidariedade às vítimas da repressão. Especialistas afirmam que o Talibã tenta equilibrar interesses econômicos e propaganda política, mas o futuro do turismo no Afeganistão dependerá da percepção internacional sobre a legitimidade do regime e, sobretudo, do respeito aos direitos humanos.