José Sócrates interrompe declarações no julgamento da Operação Marquês: “Cansado de tribunal tão violento”

Sep 11, 2025By Gilson Darcy
Gilson Darcy

O antigo primeiro-ministro José Sócrates decidiu interromper as suas declarações no julgamento da Operação Marquês, alegando cansaço e insatisfação com o tratamento recebido no tribunal. Na décima sessão do julgamento, Sócrates afirmou: “Eu não posso continuar assim, isto assim não pode durar sempre. Deliberei que não faço mais declarações a partir de hoje”, acrescentando que não queria falar “à pressão” nem admitir “que o tribunal seja tão violento”.

O ex-primeiro-ministro sugeriu que as suas considerações fossem concluídas até 2011, ano em que deixou o cargo, e pediu à juíza presidente do coletivo que agendasse uma nova data para que pudesse retomar o depoimento. Nessa ocasião, prometeu abordar temas como o caso das casas da sua mãe, o apartamento de Paris, os empréstimos de Carlos Santos Silva e a alegada “fortuna escondida”  .


Durante as sessões anteriores, Sócrates tem negado todas as acusações que lhe são imputadas, incluindo corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. Nesta última sessão, voltou a negar ter recebido dinheiro do seu primo, José Paulo Pinto de Sousa, e criticou o Ministério Público por não apresentar provas concretas. “O tal caminho do dinheiro é uma loucura tão grande, a vontade de acusar era tanta, que identificaram uma transferência e viram à volta o que aconteceu”, afirmou Sócrates  .

Com a interrupção das suas declarações, o tribunal prosseguirá com a audição dos outros arguidos. Na próxima sessão, marcada para quinta-feira, será ouvido Diogo Gaspar Ferreira, ex-diretor executivo do empreendimento de luxo Vale de Lobo, acusado de corrupção ativa e branqueamento de capitais  .


Esta interrupção levanta questões sobre o andamento do julgamento e a postura dos envolvidos, refletindo a complexidade e as tensões associadas a um dos maiores processos judiciais da história recente de Portugal.