Angola condecora personalidades portuguesas pelos 50 anos da independência
No âmbito das celebrações do 50.º aniversário da independência de Angola, o Presidente João Lourenço decidiu distinguir seis personalidades portuguesas que, de diferentes formas, tiveram papel relevante no processo de libertação e na construção das relações entre os dois países: Álvaro Cunhal, António de Almeida Santos, Ernesto Melo Antunes, António Rosa Coutinho, Sérgio Vilarigues e Vital Moreira.

A homenagem é feita através da Medalha Comemorativa do 50.º Aniversário da Independência Nacional, criada por lei este ano para reconhecer cidadãos nacionais e estrangeiros que contribuíram para a independência, a paz e o desenvolvimento de Angola.
Quem são os condecorados
Álvaro Cunhal
Histórico líder do Partido Comunista Português (PCP), destacou-se como um dos principais defensores da autodeterminação das colónias portuguesas. Durante décadas, expressou solidariedade aos movimentos de libertação em África, incluindo o MPLA, que viria a proclamar a independência de Angola em 1975.

António de Almeida Santos
Jurista e político do Partido Socialista (PS), foi ministro nos governos provisórios após a Revolução de 25 de Abril de 1974. Teve participação ativa nos processos de descolonização e mais tarde viria a presidir à Assembleia da República.

Ernesto Melo Antunes
Militar de Abril e figura central do Movimento das Forças Armadas (MFA), foi um dos responsáveis pelo programa político da revolução. Exerceu funções de ministro dos Negócios Estrangeiros e esteve diretamente envolvido nas negociações da descolonização, incluindo o futuro de Angola.

António Rosa Coutinho
Almirante conhecido como o “Almirante Vermelho”, presidiu à Junta Governativa de Angola em 1974-75. Ficou marcado pela sua relação próxima com o MPLA e pelo papel de mediação no período turbulento que antecedeu a independência.

Sérgio Vilarigues
Dirigente histórico do PCP, menos conhecido do grande público, mas ativo na articulação política entre comunistas portugueses e movimentos de libertação africanos. A sua trajetória esteve ligada à solidariedade internacionalista.

Vital Moreira
Constitucionalista, antigo deputado do PCP e depois do PS. Teve envolvimento político relevante nas décadas de 1970 e 1980 e sempre se posicionou em defesa da autodeterminação dos povos coloniais, além de ser voz influente na consolidação democrática em Portugal. É o único dos homenageados ainda vivo.

Um gesto de memória histórica
Ao distinguir estas figuras, Angola procura sublinhar que a independência não foi apenas fruto da luta interna, mas também resultado de alianças e apoios políticos internacionais. Portugal, em especial no período pós-25 de Abril, teve protagonistas que desempenharam papéis decisivos na transição.
As condecorações são simbólicas, mas representam um reconhecimento da importância de quem, de um lado e do outro, contribuiu para que Angola se tornasse independente em 11 de novembro de 1975 e para que a relação entre os dois países pudesse evoluir ao longo das últimas cinco décadas.
